Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
2019
Steve McQueen e Neile Adams, fotografados por John Dominis, 1963
Decisões irrevogáveis para o ano que se avizinha. Convicções inabaláveis. Objectivos perfeitamente definidos. Rotas traçadas a regra e esquadro. O sucesso ao virar da esquina, a felicidade é já ali, é só querer, como se o resto do mundo e todos os que nos rodeiam não tivessem outra hipótese senão conformar-se ao destino que traçámos para os próximos 365 dias.
Outra hipótese:
Respirar apenas. Lentamente, como se cada segundo fosse uma bênção. Sorver o néctar dos Deuses gota a gota, como se a próxima fosse a última e daí não viesse mal ao mundo, porque um dia, inapelavelmente, esse dia há-de ser o último. Ouvir sem pressa. Falar devagar. Silêncio. Falar só se apetecer. Perceber a importância de calar. Amar. Beber mais um golo, lentamente.
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Mais situações a ter atenção em 2018
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Conselhos para 2018
MAIS POESIA
DEIXAR O SOL ENTRAR
NÃO DAR PÉROLAS A PORCOS
PRIVILEGIAR A LEITURA
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O plano
Aproxima-se novamente aquela maravilhosa altura do ano em que os planos de mudança rejubilam nas nossas mentes crentes e nas redes sociais, em que as certezas de que o homem ou a mulher que seremos amanhã será certamente bem melhor e mais preparado do que o que foi no ano prestes a fenecer. Definimos metas irreais crentes na superação do ser, fechamo-nos numa rota única que nos encaminhará para o tão almejado sucesso, encerramo-nos no quadrado dos nossos longínquos sonhos que, estranha e paradoxalmente, não poderiam ser mais limitados. Planeamos e limitamo-nos a esse rumo pré-definido como se não vivêssemos num mundo em constante e imparável mutação/ebulição, desconhecendo que o melhor plano só poderá ser aquele em que dizemos para nós mesmos: vou estar preparado para o desconhecido, vou ser flexível como um elástico para não quebrar ao primeiro desvio de rota. O plano é não ter plano, é gizar um plano a cada segundo, é destruir o plano pelas mãos de um novo plano. O plano é vivermos.
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Por um 2017 em que efectivamente contemos
Vieram as festas e a azáfama cega das jantaradas, das prendas, das compras e trocas, da falta de tempo para o aprofundamento das confortáveis futilidades da vida, e ficámos no canto a assistir, como se todo aquele alucinante movimento que nos afastou de nós próprios fosse o propósito de uma vida que parece não nos considerar na equação da nossa própria vida. Depois, chegou o início de algo novo e supostamente renovador, nem que seja apenas mais um leque de 365 conjuntos de 24 horas, e arrancamos a toda a velocidade, atropelando tudo e todos, espezinhando o nosso eu que clama baixinho por um momento, por uma pausa, por um olhar para dentro. Bom 2017 mas, por favor, não se esqueçam de vocês.
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E para o reveillon, diverti-vos mas evitai a confusão (cena de 8 ½, de Federico Fellini)
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E para 2016, sejamos mais felizes!
Não, nada de sugerir mudanças profundas para o ano que aí vem, não quero novos homens e renovadas mulheres, quero-vos com os mesmos defeitos, teimosias e carnes flácidas. Quero apenas que sejam mais felizes, menos atreitos às dores das preocupações pois essas são aquelas que podemos evitar, pelo que paremos de as auto-infligir nos nossos já tão castigados corpos e espíritos. Embalado por estes belos anjos negros desejo-vos um ano de 2016 mais feliz. As simple as that.
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E os meus singelos votos para 2015 são...
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Um 2014 à grande para todos nós!
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Para 2014, deixemo-nos de merdas
Mal ou bem, mais reflectido ou mais por hábito, aproxima-se aquela altura do ano em que investimos alguns minutos (horas, vendemos nós, ufanos desse profundo exercício introspectivo) no balanço do ano, na preparação minuciosa do que deverão ser os 365 dias seguintes. Pensa-se e fala-se em sermos melhores pessoas, seguir renovados caminhos, evitar os erros de sempre. O meu conselho este ano foge um pouco a estas ideias bem intencionadas e que serão sempre de elogiar: deixem-se de merdas, façam mais pela vossa felicidade, busquem o vosso prazer mesmo que não seja exactamente o que vem nos evangelhos. A felicidade contagia, se vivermos felizes ao nosso redor haverá mais gente melhor com a vida. Pelo menos uma pessoa faremos feliz, nessa não falharemos. Vá, deixem-se de merdas.