Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Weekend!
Chega a sexta-feira e as gentes rejubilam! Intrigo-me eu e o universo pelos motivos de tanto júbilo e contagiante excitação. Vai a maralha arrasar as pistas de dança da capital da moda, escalar montanhas longínquas, fugir para uma ilha deserta e copular que nem martas? Ou será que esta loucura é apenas uma fuga à neurótica rotina semanal do trabalhinho, da corrida trabalho casa-casa trabalho, lava roupa, seca roupa, passa roupa, enche a barriga dos putos, deita-os aos berros, levanta-os cedo demais, corre para o trabalho, sprinta para casa, etc. e tal? Sim, interrompem-se cinco dias que não são o sonho de uma vida mas não se chega, nessas 48 horas que se seguem, aos píncaros que conduzem àquelas fotos incríveis no Instagram, escasseia o material e a vida que permita encher o facebook de pérolas que despoletem a inveja dos amigos que tanto adoramos e a quem tanto queremos mostrar o quão felizes, viajados e dinâmicos somos. Na melhor das hipóteses, compras no shopping, uma almoçarada em família/amigos com putos aos berros e demasiado cheiro a fumo, mais tarde ver a bola pelo meio de umas cervejolas e a coisa lá se vai compondo. Não, não exagero, pessoal, é mais ou menos isto, para quem tem prole não fugirá muito disto. O segredo é a forma como vivemos tudo isso, como nos rimos de tanta piroseira, como contornamos o que tende a cristalizar-se, como encontramos escapes que não nos deixem cair nessa outra rotina. A luta é constante, não há forma de lhe escapar. Boa sorte!